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Sam, Avr

Em maio deste ano, o Dicastério para comunicação lançou importante documento: “Rumo à presença plena: uma reflexão pastoral sobre a participação nas redes sociais”. Sendo que tudo o que se refere à comunicação ocupa um posto importante na nossa resposta apostólica, a leitura e reflexão deste documento nos facultam atualizadas chaves de leitura para compreender a realidade atual, e oferece sugestões práticas para nossa “presença plena” nas redes sociais. Ainda que grandes passos sejam dados na tecnologia, no mundo digital, “o desafio de promover relacionamentos pacíficos, significativos e atenciosos nas redes sociais suscita um debate tanto nos círculos acadêmicos e profissionais como nos círculos eclesiásticos” (cf. n. 5) – ambientes nos quais estamos todos inseridos.

As Constituições da Pia Sociedade de São Paulo recordam que “o carisma que nos foi transmitido é um ponto de referência para todas as gerações paulinas que são chamadas a transcrevê-lo na própria época”. E prossegue, alertando que o carisma nos empenha “em descobrir e interpretar os ‘sinais dos tempos’, e num grande dinamismo, em harmonia com o lema paulino adotado pelo nosso Fundador: ‘lanço-me para frente’” (Art. 67). Nessa perspectiva, olhando para nossa própria época, caminhamos com a primeira parte do documento que nos mostra: a interferência das plataformas do mundo digital no rápido acesso às informações; o surgimento de mecanismos que reproduzem comportamentos humanos por meio da inteligência artificial; as novas tensões geradas entre as gerações de “nativos digitais” (os que nasceram nesse contexto) e os “imigrantes digitais”; a superação da dicotomia entre a vida digital e a vida cotidiana, cujo termo hoje usado é “onlife”; a modelação de pensamentos e costumes através da convivência nas redes sociais que geram para muitos uma sensação de “pertença”; as ciladas na “rodovia digital” da desigualdade digital, ainda existente; os usuários que se tornaram consumidores de produtos, apresentados nas publicidades; a sobrecarga de conteúdos que não gera oportunidades de um aprofundamento e discernimento da veracidade das fontes; os discursos agressivos e negativos para quem não pensa igual aquele grupo nas redes, gerando feridas de divisão, ódio e exclusão.

Diante de todo esse cenário complexo, o Dicastério propõe, na segunda parte, a Parábola do Bom Samaritano (cf. Lc 10,25-37) – parábola do encontro de duas pessoas completamente estranhas –, como inspiração para nossos relacionamentos nas redes sociais; convidando-nos a fazer delas espaço de escuta, atenção e discernimento (cf. n. 35). Fazendo também uma chamada à escuta, “em vista de passar para uma rede que não seja tanto de ‘bytes’, avatares e ‘likes’, mas de pessoas”; assim, “passamos de reações rápidas, suposições equivocadas e comentários impulsivos para a criação de oportunidades de diálogo, levantando questões para aprender mais, demonstrando cuidado e compaixão, e reconhecendo a dignidade daqueles com quem nos encontramos” (cf. n. 37). A escuta orante da Palavra de Deus, é uma forte indicação no documento para crescermos na capacidade de escutar – escuta essa já incentivada na nossa vida paulina.

A seguir, na terceira parte, percebemos que da escuta, passamos para a busca de um contato de verdadeira conexão com as pessoas, porque “não existe comunicação sem a verdade de um encontro” (cf. n. 45), sem um “estar com”. São Paulo, nosso pai espiritual, é proposto como modelo para esse encontro, seja nas redes, seja na vida cotidiana: “para ele não havia dicotomia entre a sua presença física e a presença mediante sua palavra escrita, lida pela comunidade” (cf. n. 46). Tal dicotomia é superada pela qualidade do nosso testemunho.

Nesse sentido, a quarta parte, “um estilo distintivo”, traz um importante lembrete – especialmente para nós Paulinos: “deveríamos recordar que tudo o que compartilhamos nas nossas postagens, comentários e ‘likes’, com palavras pronunciadas ou escritas, com filmes ou imagens animadas, deveria estar em sintonia com o estilo que aprendemos com Cristo, que transmitiu sua mensagem não apenas mediante discursos, mas com todas as atitudes da sua vida, revelando que a comunicação, no seu nível mais profundo, reside na oferta de si mesmo no amor” (cf. n. 65). Em seguida, exalta o valor do nosso apostolado, feito em comunidade, ao dizer que “uma mensagem é mais facilmente persuasiva quando aquele que a comunica pertence a uma comunidade” (cf. n. 67). O documento ainda ressalta que, independente da quantidade de seguidores, somos todos influenciadores digitais com aquilo que transmitimos.

São muitos os aspectos pertinentes, abordados neste documento, abrindo horizontes para quem atua com a comunicação de modo ético. Ao final, uma mensagem nos encoraja diante dos desafios apostólicos e nos faz olhar para o Divino Mestre: “o qual sempre nos recordará que na Cruz tudo foi invertido. Não houve ‘likes’ e praticamente nenhum ‘seguidor’ no momento da maior manifestação da glória de Deus! Todas as medidas humanas de ‘sucesso’ são relativizadas pela lógica do Evangelho”. Assim, seguirmos sem temor pelas “rodovias digitais”, não nos importando em ter fama e receber aplausos, mas em cumprir o mandato divino de evangelizar. Como nos recorda o Fundador: “O que significa Apostolado? É nossa ação para dar glória a Deus e paz aos homens. É fazer o bem” (Vademecum, 1002).

Agenda Paolina

27 avril 2024

Feria (bianco)
At 13,44-52; Sal 97; Gv 14,7-14

27 avril 2024

* 2003 D. Giacomo Alberione, fondatore della Famiglia Paolina, è proclamato Beato • FSP: 2017 a Tamatave (Madagascar).

27 avril 2024SSP: D. Pancrazio Demarie (1954) - Fr. Salvatore Fabio (1954) • FSP: Sr. Angela Cavalli (2009) - Sr. Giovanna Ballini (2012) - Sr. Nicolina Pastorino (2021) • IMSA: Gaetana Piazzese (2017) • ISF: Pietro Deplano (1991) - Salvatore D’Aprile (2005) - Luigi Cocci (2011).