O Bem-aventurado padre Tiago Alberione em suas alocuções, em seus escritos e nas orações que compôs, sempre enfatizou a necessidade de nos colocarmos diante de Jesus eucarístico para dele recebermos a luz necessária para a nossa vida e o exercício de nosso apostolado. Se nos falta isso, vamos aos poucos perdendo o sentido de nossa vida consagrada e aquilo que realizamos torna-se simples trabalho que muitos fariam melhor do que nós. Se entramos na congregação para ser religiosos não podemos nos contentar sendo simples “fazedores”.
Percebemos em algumas de nossas comunidades um desinteresse (por que não dizer descaso?) em relação à vida de oração em comum, sobretudo à visita eucarística. Estamos tão ocupados nos diversos trabalhos que estão sob nossa responsabilidade que nos esquecemos do essencial. Padre Alberione é claríssimo nesse sentido: “O primeiro trabalho a ser aprendido na nossa congregação, e na Família Paulina, é a oração. É o meio dos meios. Com ele se obtém a água do manancial, da fonte de toda graça... Quando falta Deus, falta toda virtude: obediência, pobreza, castidade etc. Quando há Deus há tudo” (RSp 30). Parece que invertemos o valor das coisas, deixando por último o que deveria ocupar o primeiro lugar.
Mas parece-nos que o ativismo não deve ser considerado a causa única dessa lamentável realidade. Unido ao desejo de realizar o maior número possível de atividades, está o sentimento de autossuficiência. Temos uma autopercepção, muitas vezes equivocada, que nos faz acreditar que somos eficientes naquilo que fazemos e essa eficiência nós a atribuímos ao nosso esforço, à nossa formação.
No fundo, nos deparamos com o orgulho, raiz de todo pecado. Somos muito orgulhosos para nos apresentar diante do tabernáculo e reconhecer que somos, na realidade, “demasiado frágeis, ignorantes, incapazes e insuficientes em tudo” (Segredo de êxito). Soa quase ofensivo perante tantas capacidades e virtudes que presunçosamente acreditamos ter. Por isso, uma das graças que devemos pedir com maior fervor é a humildade. Humildade diante de Deus e diante das pessoas.
Coloquemo-nos diante do Senhor como servos humildes! Reconheçamos que tudo o que temos e realizamos nos vem de sua bondade! Peçamos a ele que nos ilumine e nos mostre os caminhos a serem trilhados ou abertos para que sejamos fiéis à nossa vocação de apóstolos comunicadores! E não nos esqueçamos da relevância que tem em nossa vida o apostolado do exemplo. Se nós não testemunharmos essa dimensão de nossa existência como paulinos, o que esperar das futuras gerações?
