Há “comunicadores” por todos os lados. Dentro e fora das redes. Crianças, Jovens e velhos: todos estão publicando e produzindo o tempo inteiro. A cada segundo, novas conexões. Não importa o estilo ou a profundidade da comunicação. Há sempre alguém clicando e procurando coisas, seja para “passar o tempo”, saciar a curiosidade ou, quem sabe, para desviar-se do peso da própria solidão.

A humanidade está cada vez mais doente e sem rumo. Ansiedade, descrença, cansaço, vazio. Que tipo de comunicação pode salvar a sociedade do marasmo do tempo presente? O Papa Francisco, lucidamente, tem-nos oferecido alguns sinais: ternura, escuta, proximidade, compaixão, encontro. Toda forma de comunicação que ignora a dor do outro tende à efemeridade.

Como era, então, a comunicação no tempo de Padre Alberione? Como ele imprimia a “cor paulina” em sua forma de comunicar? O tempo era, sem dúvidas, de muita luta e escassez, mas, também, de muita fé na Providência Divina. Alberione era um visionário contemplativo, um comunicador silencioso e atento. Ele tinha sempre um olhar voltado para os sinais dos tempos, isto é, para as dores e angústias da sociedade à sua volta; e outro olhar voltado para dentro, em íntima conexão com o Pai. Eis o seu principal segredo! Sua comunicação não era meramente estratégica. Havia nele, antes de qualquer palavra, um silêncio que comunicava. Dele herdamos a convicção de que, sem interioridade e profundo conhecimento de si, não há comunicação eficaz e transformadora.

Fazer comunicação, no sentido mais profundo da palavra, exige tempo, reflexão e disciplina – pessoal e comunitária. Em certo sentido, o comunicador é sempre um aprendiz da compaixão e do afeto. Não basta semear belas palavras no caminho dos outros, se não houver chão fértil no próprio interior.

O primeiro passo, portanto, para uma “comunicação com rosto paulino” é nos convencer de que, “não se comunica só com as palavras”, como afirma o Papa Francisco, “mas também com os olhos, o tom da voz, os gestos” (DMCS 2021). Se não fizermos isso, correremos o risco de falar aos ventos, como alertava o Apóstolo Paulo (Cf. 1 Cor 14, 9). Por outro lado, se nos preocupamos apenas com o que haveremos de comer amanhã, pouco a pouco nos perderemos do essencial e do sentido de nossa busca. Quando a vida espiritual se enfraquece, as necessidades do outro se tornam invisíveis. Pode-se dividir o mesmo teto e até o mesmo pão, mas, quando não há encontro verdadeiro, a comunicação não frutifica.

 

Francisco Galvão, diácono Paulino do Brasil.