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Sáb., Abr.

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O Instituto Maria Santíssima Anunciada (IMSA – Anunciatinas), intimamente ligado ao mistério da Anunciação, de onde recebe seu nome, é um dos quatro institutos de vida consagrada secular agregados à Pia Sociedade de São Paulo. Pertencem ao Instituto das Anunciatinas mulheres consagradas a Deus com a profissão dos conselhos evangélicos: elas vivem a sua consagração no mundo, entre as pessoas, com quem partilham ansiedades, alegrias, dificuldades e preocupações. Sua missão é viver e proclamar o Evangelho e o Divino Mestre nos diversos contextos sociais em que estão inseridas, de acordo com o espírito e o apostolado da Pia Sociedade de São Paulo e da Família Paulina.

 

A origem

Como todas as instituições fundadas pelo Bem-aventurado Tiago Alberione, também o Instituto Maria Santíssima Anunciada está enraizado na “noite de luz” que Alberione viveu no alvorecer do século XX, durante a adoração eucarística. “Vocês nasceram da Eucaristia”, repetia muitas vezes o Fundador a seus filhos e filhas nos longos anos de sua vida. Naquela noite de graça, nasceu o Instituto e toda a Família Paulina. Também é interessante observar como Pe. Alberione insistia com praticamente todas as fundações femininas que havia escrito o livro “A mulher associada ao zelo sacerdotal” para os seus membros, mesmo que tenham sido fundadas muitos anos depois.

Por esse motivo, seria interessante investigar também a pré-história dos institutos paulinos de vida secular. Deveríamos procurar entre as almas mais sensíveis dos cooperadores e cooperadoras, pois sabe-se que muitos fizeram “votos privados” com Pe. Alberione (alguns no final da vida, como o padre Fedele Molino me contou sobre duas de suas tias, que moravam com as Filhas de São Paulo em Alba, numa casa adaptada para elas). Certamente ele não pensava em uma ordem terceira ou oblatos/as, caso contrário, assim teria feito há muito tempo. Quando a forma jurídica que Pe. Alberione acreditava ser a mais adequada apareceu... a história começou.

 

Para as Anunciatinas, o começo oficial data de 15 de agosto de 1958, com a entrada de 12 jovens (10 no noviciado e 2 no postulantado) durante o curso de exercícios realizados em Balsamo (Milão) e pregados pelo próprio Pe. Alberione. Os exercícios tinham sido precedidos por um dia de retiro, a 20 de julho de 1958, na “Casa Divin Maestro” das Pias Discípulas. O encontro, organizado por Don Carlo Stella, com a presença de Pe. Alberione, Ir. Felicina Luci (FSP) e Ir. Francisca Marcheggiani (PDDM), teve o objetivo de apresentar o nascente Instituto às jovens que Pe. Stella seguia como diretor espiritual. Grande parte daquelas jovens, já consagradas a Deus em modo privado, entraram no Instituto.

Até agosto de 1959, Alberione cuidou diretamente do Instituto, com a ajuda da Ir. Felicina Luci. Mas o Fundador tinha chamado a irmã para colaborar com o nascente instituto já a 4 de abril de 1958. Ir. Felicina se dedicou totalmente ao Instituto, por 18 anos, até 1976.

O Primeiro Mestre animou pessoalmente muitos dos cursos de exercício em Ariccia e Turim. Suas meditações, patrimônio espiritual das Anunciatinas, foram coletadas nos textos: Meditações para Consagradas Seculares Vol. I (1976) e Vol. II (2013) [acrônimo: MCS e MCS2]. Ali podemos encontrar seus pensamentos sobre como deveria ser e que vida espiritual deveria caracterizar o Instituto nascente. Tenha-se em mente que nos vários cursos estavam presentes também os Gabrielinos.

Em novembro de 1958 saiu o primeiro número da circular interna do Instituto, editada pela Irmã Felicina, intitulado “SS. Annunziata: Circulare interna delle Annunziatine”, que em 1962 tomará o nome de “Istituti Secolari” e, a partir de janeiro de 1963, “Siate perfetti”.

O Primeiro Mestre confiou a liderança do Instituto a Pe. Amorth em agosto 1959. Foi o delegado para os Gabrielinos, as Anunciatinas (já existentes) e o início do Instituto Jesus Sacerdote. Alberione pediu repetidamente a Pe. Amorth que iniciasse também um instituto para os cônjuges, mas Pe. Amorth sempre respondia que não era capaz. Com o aumento dos membros, deixou os Gabrielinos, e depois também o Instituto Jesus Sacerdote. Pe. Amorth com a Irmã Felicina iniciaram imediatamente a viajar pela Itália para tornar o Instituto conhecido. A resposta foi surpreendente. Em 1959, durante o curso de exercícios espirituais, entraram 29 noviças e 37 postulantes.

Em dezembro de 1959, com o título de “Istituto Maria SS. Annunziata”, ficou pronto um primeiro esboço dos Estatutos do Instituto. Naquele ano o Fundador quis que em Turim, no prédio da SAIE, começasse uma experiência de um grupo de Anunciatinas de vida comum, trabalhando naquela editora e se preparando para assumir o “governo” do Instituto, acompanhadas pelas Apostolinas Ir. Ignazia Mercuri e Ir. Maddalena Verani. O grupo, seguido de perto por Alberione e alguns outros sacerdotes Paulinos, acabou sendo disperso no ano 1970. No Estatuto, permanece a possibilidade da vida em comum.

No dia 8 de abril de 1960, com decreto assinado pelo cardeal Valerio Valeri, Prefeito da Sagrada Congregação para os Religiosos, a Santa Sé aprova a “Associação Paulina para sacerdotes, para homens e para mulheres”, dividida em três seções, como “obra própria” da Pia Sociedade de São Paulo e aprova-lhes os Estatutos por uma década.

As Anunciatinas aumentavam em número e Pe. Amorth e Ir. Felicina procuraram dar estrutura ao Instituto. Em 1965 (2-3 de janeiro), foi organizado em Roma o primeiro Congresso Nacional, com a presença do Pe. Alberione, do Pe. Amorth, da Ir. Felicina e de 33 Anunciatinas. No final de 1965, o Instituto estava já consolidado: as Anunciatinas estavam organizadas em 29 grupos e com delegada própria (cf. Siate perfetti, outubro 1965, p. 10).

Os retiros mensais e os exercícios espirituais eram, e ainda são, os momentos mais significativos da formação, que proporcionam um crescimento no conhecimento da específica vocação-missão e no sentido de pertença ao Instituto e à Família Paulina. É grande por parte das Anunciatinas o reconhecimento pelo bem que Pe. Amorth fez para o Instituto nos 17 anos em que esteve na sua coordenação. Ele tomou das mãos do Fundador, em 1959, com a presença de algumas jovens, e acompanhou até 1976, deixando-o com mais de 350 membros.

O número de Anunciatinas continuou crescendo até 1990, com 412 membros. Nos anos seguintes começou o declínio, devido à diminuição das vocações e à morte das consagradas mais idosas. Depois de Pe. Amorth, foram delegados das Anunciatinas: Pe. Tarcisio Righettini (1976-1992); Pe. Antonio Castelli (1992-2005); Pe. Vito Spagnolo (2005-2017).

 

Espiritualidade e Missão específica do Instituto

Por vontade do Fundador, as dez Instituições que compõem a Família Paulina, embora na especificidade de cada uma, estão unidas por um “projeto unitário” de espiritualidade e missão. Ele pensava nelas como “um só corpo em Cristo e na Igreja”.

Este corpo tem: Origem comum: o Tabernáculo – “Vocês nasceram da Eucaristia”. Espiritualidade comum: “Viver integralmente o Evangelho; viver no Divino Mestre, enquanto Caminho, Verdade e Vida; viver como compreendeu o seu discípulo São Paulo, no clima da Rainha dos Apóstolos”. Missão comum: “Dar Jesus Cristo Caminho, Verdade e Vida a todos, com todos os meios que o progresso e a tecnologia oferecem”.

O Instituto tem, portanto, a mesma espiritualidade e o mesmo carisma da Família Paulina, mas como no corpo cada membro tem sua função, assim cada instituto tem sua própria identidade e especificidade.

O Primeiro Mestre, em meditação do primeiro curso de exercícios realizado em Balsamo em 1958, resume assim, às primeiras Anunciatinas, a vocação e missão delas: “Dar a vida pelo Mestre Divino... almas que ardem pelo amor a Deus e que traduzem sua vida em apostolado... Quantos podem ser os apostolados? Inúmeros; quantas são as necessidades que surgem na Igreja”.

Um ano depois, em outro curso de exercícios espirituais, sempre em Balsamo, explica assim às Anunciatinas da primeira hora a sua identidade específica dentro da Igreja e da Família Paulina: “Por que chamar-se Anunciatinas? Há razão para este nome? Não é por acaso. Está ligado à Anunciação e, portanto, à Encarnação do Filho de Deus, quando Maria disse: “Fiat mihi secundum Verbum tuum”, é o maior evento da história, porque ali começa a nossa redenção... Portanto Anunciatinas significa estar no centro da história e no início da redenção. É o nome mais belo” (MCS p. 180).

Cada Instituto da Família Paulina tem sua identidade específica, que transparece no nome que o identifica e caracteriza. O Instituto Maria SS. Anunciada, estreitamente unido ao mistério da Anunciação e da Encarnação do Filho de Deus, encontra neste mistério o segredo de sua identidade e sua missão que o Fundador sintetiza em dois pontos fundamentais:

1) Virgindade e maternidade espiritual: “aqui está o grande sinal do amor que o Senhor tem por vocês”. O bem-aventurado Tiago Alberione, associando as Anunciatinas ao mistério da Anunciação, é como se quisesse entregar-lhes ao coração da Virgem Anunciada, para aprender diretamente com ela a viver a virgindade para o Reino e a maternidade espiritual. Nos passos de Maria Anunciada, as Anunciatinas acolhem em si mesmas Jesus e o dão nos ambientes onde vivem e trabalham. Chamados a ser “imitadoras de Maria e testemunhas do mistério da Anunciação no hoje da Igreja” (Pe. Tonni, Apresentação dos Estatuto de 1977), as Anunciatinas vivem a sua consagração ao Senhor na secularidade, sem que algo externamente as distinga das pessoas comuns, mas com a paixão no coração de levar, onde vivem e trabalham, Jesus e seu Evangelho.

2) O segundo sinal do grande amor que o Senhor tem por vocês é que vocês podem exercer todos os apostolados possíveis, adequados às suas condições particulares... (Pe. Tonni, Apresentação dos Estatuto de 1977). Todos os apostolados... mas com coração de mãe. Em qualquer ambiente que operam, seja ocupando lugares de responsabilidade, seja fazendo trabalhos humildes e escondidos, as Anunciatinas procuram levar Jesus Caminho, Verdade e Vida, o único Mestre e a única salvação, ao homem sob o olhar de Maria.

O meio mais potente e eficaz da Anunciatina, aquele que chega onde nenhuma técnica pode chegar, é anunciar Jesus Cristo com o coração de mãe, o coração de Maria, e apontar o caminho mais fácil e seguro para chegar a Deus, o caminho que o próprio Jesus escolheu para vir até nós: sua Mãe.

A vida da Anunciatina é como extensão do “sim” de Maria no hoje da Igreja. É uma vocação maravilhosa e muito atual em nossa sociedade, que parece ter escolhido prescindir de Deus. Mas não é fácil viver e agir no mundo sem se deixar “agarrar” pelo mundo.

Só é possível se você vive em união contínua com Jesus Mestre e Senhor da vida, de modo que Ele seja o centro de todo pensamento, todo desejo, toda atividade. Caminhar todos os dias sob a orientação de Maria Mãe e Mestra e Rainha em direção à meta que o Fundador indicou a seus filhos e filhas para alcançar o “Não sou mais eu que vivo, é Cristo que vive em mim”. E fazer parte desse “novo exército de apóstolos” que Pe. Alberione “viu” na famosa noite de luz: apóstolos que sentem o mesmo que ele sentia.

 

 

 

 

 

TEXTOS EXEMPLIFICADOS COM COMENTÁRIO

 

Para definir a vida e a espiritualidade de uma Anunciatina, de acordo com o Primeiro Mestre, acredito que o melhor é expor, comentando, algumas passagens suas, sem pretender serem exaustivos.

 

 

Como nasceram os “Institutos Seculares”

 

«Assim nasceu esta forma de vida, que se chama Institutos Seculares. Este é o nome que Pio XII deu a essas associações. Por quê? Porque existem muitas pessoas que não são capazes de entrar em institutos totalmente religiosos, como são as congregações religiosas. Há um número discreto de filhas que desejam consagrar-se ao Senhor em uma vida de maior perfeição e, ao mesmo tempo, dedicar-se a um apostolado para a salvação das almas, mas não querem o hábito religioso; outros têm funções na sociedade que não convém abandonar. Há, por exemplo, professores de nível superior, como a universidade, e há pessoas que fazem muito bem à sociedade, e não é conveniente que elas os deixem para entrar no Instituto religioso. Há pessoas que não podem viver em comunidade, porque não têm saúde adequada para uma vida totalmente comum, ou gostariam de um apostolado mais moderno, correspondendo às necessidades atuais.

Hoje, a necessidade atual é igualmente de ajuda na paróquia, serviço da Diocese, Ação Católica, escola. Essas pessoas gostariam de ter uma vida bem direcionada, não a incerteza espiritual de ter às vezes um confessor às vezes outro, um espírito ou outro; elas gostariam de ter uma vida guiada no sentido de receber instruções todos os meses, de ter o que é aprovado pela Santa Sé, ou seja, pelo Papa, portanto, de caminhar com confiança sabendo que estão em uma vida de maior mérito. Isso traz muita paz para as almas. Uma vida bem orientada, mas com liberdade de iniciativa. Uma pode fazer o bem, a outra outro.

Há mulheres que não podem mais se tornar freiras porque serviram aos pais até a velhice, até que o Senhor os chamasse. Agora não podem entrar em um instituto religioso porque a idade delas já passou. Há pessoas que ainda têm compromissos familiares. Elas gostariam também de ser mais ágeis nas novas necessidades da época, ainda que vivendo sob a obediência, para ganhar o mérito de tal virtude. Há um grande número de pessoas que gostariam de se santificar e salvar almas, ajudar almas. Estes não podiam entrar nos Institutos Religiosos, nas Congregações Religiosas com o hábito e a vida comum, e eis que a Igreja foi ao encontro deles. Sim: continue no mundo e torne-se santo; dê um bom exemplo, viva sua vida plenamente cristã, consagre-se a Deus e trabalhe no apostolado que é possível para você, que se apresenta a você.

A Igreja com os Institutos Seculares recebe todos esses filhos, todas essas pessoas sob um orientador particular, para que possam alcançar a santidade e fazer o melhor possível na sociedade.» (Alberione, MCS p. 9-10).

 

Como podemos ver no início da primeira meditação (20 de julho de 1958) ao primeiro grupo apresentado pelo Pe. Stella, Alberione apresenta a possibilidade de uma nova forma de vida consagrada, acolhendo a necessidade dos tempos e a aprovação oficial da Igreja. Aqui, o primeiro elemento que emerge é a possibilidade de ter um guia espiritual sólido e contínuo que ajude a orientar para fazer o bem na sociedade contemporânea, isto é, para os homens de hoje de uma maneira moderna. Nas entrelinhas podemos ver os mesmos elementos que estão na origem da Família Paulina, mas com nova possibilidade, que não existia antes.

 

Apostolado

«Trabalhar pela salvação das almas, afastar os perigos e fornecer os meios para as almas serem salvas. Tenham uma profícua maternidade. Olhar um pouco a todos os apostolados; não a esterilidade que gera uma espiritualidade egoística, restrita, piedade no fundo incompleta, pois a pessoa se torna ácida. Mas quando a alma se consagra a Deus e às almas, então a vida é plena, alegre, mesmo se houver lutas, mesmo que haja decepções, mesmo que, depois de tantas tentativas, não consigamos fazer o bem. Caso contrário, quem deveria ser a Anunciatina? Deve ser como o Papa a definiu, ou seja, a mulher que se consagra pelas almas. Primeiro, que arda de amor a Deus, como diz o primeiro mandamento; segundo, que queira transformar sua própria vida em apostolado. Estas são as duas expressões: arder de amor a Deus e transformar a própria vida, tanto quanto possível, no apostolado. Esta é a vocação da Anunciatina. Dois amores no coração: Deus e as almas; Deus e sua glória, as almas, “pax hominibus”, paz para os homens, isto é, salvação para os homens.» (Alberione, MCS, p. 377)

Essa meditação, realizada em Ariccia durante os exercícios de agosto de 1962, mostra basicamente os temas fortes de Pe. Alberione; de fato, a espiritualidade na Família Paulina é única, universal e vai ao essencial e se concretiza no cotidiano.

Começa com a “salvação das almas”, de fato o “salus animarum” é o primeiro objetivo da Igreja, porque é o que o próprio Jesus fez. Portanto, no centro, lembrar-se sempre de que o fim de toda atividade é a salvação eterna das almas; o resto, por mais nobre que seja, é secundário.

Mas este não é um discurso teórico ideal, e sim prático, ou seja “pastoral” significa “trabalhar” pela salvação das almas (assim nos lembra São Paulo que diz “trabalhei mais que todos”). De que modo? No positivo, “procurando os meios”; no negativo, removendo os perigos. Alberione reduz à essência os manuais de pastoral! Mas a essencialidade se torna exemplo simples: “Tenham uma profícua maternidade”. Obviamente, podemos subentender que ele está convidando a imitar Maria, a Mãe de Jesus. De fato, o que faz a mãe pelos filhos: ela os ama, pensa no bem deles não em teoria, mas preocupa-se em afastar deles os perigos, as provas muito grandes... quando não pode fazê-lo diretamente, pede auxílio para proteger e ajudar seus filhos. “Procura os meios para que as almas possam ser salvas”, aqui estão compreendidas todas as formas ativas de apostolado e também os “meios mais rápidos e eficazes” que estão à nossa disposição, ou seja, o apostolado Paulino em todas as suas formas, de acordo com capacidade e disponibilidade concretas. “Olhar para todos os apostolados”, um grande coração não se assusta com os trabalhos, mas vê o bem a ser alcançado, o coração de uma mãe não olha para os cansaços e humilhações, mas para o bem que seus filhos recebem. Todos os apostolados, isto é, tudo, pequenos ou grandes, que pode servir para a salvação das almas.

Mas não podemos dar aos outros se formos frios e rígidos por dentro. O oposto de uma profícua maternidade é a “piedade egoísta”, “estéril” e “restrita”. É válido para toda alma consagrada e ainda mais para a que está no mundo, se não estiver atenta a que arda de amor, o que pode dar aos outros.

Não basta fazer o bem, é necessário almas consagradas. Pe. Alberione diz isso claramente em AD[1] e não muda de ideia: para o apostolado Paulino servem almas consagradas, em qualquer estado da vida, caso contrário é assistência social e não apostolado. Aqui ele o aplica às Anunciatinas, que como almas consagradas em uma vida secular “fermentam a massa” para salvar almas trabalhando incógnitas.

Em seguida, ele se refere ao Papa – o Fundador afirma que a Igreja aprova o que ele intuiu desde a primeira até a última fundação – que diz: “Primeiro, que arda de amor a Deus, como o primeiro mandamento diz; segundo, que queira transformar sua vida em apostolado”. É de uma síntese extrema: a alma consagrada “arde”, sem meio termo, o amor de Deus deve preencher todo o coração, não uma parte. Arder de amor a Deus é uma condição inevitável, é o primeiro mandamento que não pode ser separado do segundo, a caridade para com os outros. O apostolado que não é amor a Deus que se torna caridade para com os outros é como “palha”, que queima rapidamente e nada permanece. Para quem vive “no século”, em casa, na simplicidade do trabalho, o primeiro instrumento é a própria vida, portanto “queira transformar a própria vida em apostolado”. Isso vale para todo cristão, mas para uma alma consagrada deve fazer “arder”.

“Esta é a vocação da Anunciatina. Dois amores no coração: Deus e as almas”. No entanto, com subtileza acrescenta o “desejo” solicitado anteriormente, “tanto quanto possível, no apostolado”. Os mestres espirituais sabem bem que, se o esforço não é medido, as almas se desanimam e se perdem, devemos nos esforçar para o melhor, mas pedir o bom. “Tanto quanto possível” é ao mesmo tempo o parâmetro de medida, aos pequenos é pedido quanto podem levar, aos mais fortes um peso proporcional a eles, mas também aplicado ao estilo de vida secular específico, na vida secular existem momentos e possibilidades diferentes daqueles do convento, mas também ocasiões de bem e apostolado não alcançáveis por aqueles que permanecem no convento. Aqui, podemos observar, que o próprio Pe. Alberione tem um coração grande e ardente, mas se preocupa em dar a quem o escuta uma “medida” apropriada às suas forças e estilo de vida.

Finalmente, último ponto: “Dois amores no coração: Deus e as almas”. Ele conclui esse pensamento com uma síntese que é ao mesmo tempo um clássico da espiritualidade de todos os tempos, mas também uma referência velada (não muito) à espiritualidade paulina, ou seja, ao lema do brasão[2] da Pia Sociedade de São Paulo e da Família Paulina.

«Gloria Dei, Pax hominibus»[3] (cfr. Lc 2,14) é programa e resumo da espiritualidade e do apostolado Paulino: é o mesmo da Igreja, o mesmo de Maria, Jesus se encarnou para isso, e os anjos o proclamam no nascimento de Jesus (portanto, o mistério da Encarnação que não poderia ter existido sem o mistério silencioso e escondido da Anunciação). Mais não pode ser feito! E eis o que significa arder com grande coração.

 

«E em terceiro lugar, cumprir bem o apostolado. Sim, cada Anunciatina tem seu próprio apostolado, escolhido de acordo com as circunstâncias e de acordo com suas tendências, mas há também o apostolado comum, que é a união íntima com a Pia Sociedade de São Paulo, a qual é destinada a levar luz para as almas com os meios modernos: imprensa, cinema, rádio, televisão, discos etc. Colaborar.» (Alberione, MCS, p. 408).

Concretamente, cada Anunciatina tem seu apostolado, que é sua vida cotidiana, sem esquecer a união íntima com a Pia Sociedade de São Paulo e a cooperação respeitosa.

 

 

A vestimenta dos Institutos Seculares

«Eis os exemplos. Todos aqueles que abraçam a vida de perfeição prestam atenção antes de tudo à pobreza. Pobreza que é mortificação da gula, moderação, modéstia do lar, mortificação e modéstia do vestuário. Em institutos seculares como o nosso, não é proibido possuir; não, o direito de possuir não é removido; mas a utilização deve ser regida pela obediência. A roupa do Gabrielino e da Anunciatina devem ser de acordo com o uso do tempo, mas de acordo com as pessoas com roupas modestas que, no mundo, passam quase despercebidos, porque eles vivem e se vestem como os outros, exceto no que é indecente, supérfluo ou luxuoso. A pobreza leva a esse uso modesto das coisas. Também conduz ao trabalho. O trabalho é obrigatório para todos os homens e mulheres, sobretudo para os cristãos e para os que se consagram a Deus.» (Alberione, MCS2, p. 65).

Comentemos este texto, não porque o universo feminino seja mais sensível à roupa, mas para entender o que o Fundador ensina sobre este tema.

O contexto é o de “Pobreza”, a vida religiosa requer pobreza ativa. A pobreza, para Alberione, significa garantir o necessário.

E por esse motivo, parte de como Cristo e os apóstolos viviam, e também menciona a túnica sobre a qual os soldados lançaram a sorte aos pés da cruz. Portanto, o vestir-se deve ser visto sob a dimensão do voto de pobreza e também de acordo com a “roda paulina da pobreza”.

Mas o Primeiro Mestre fala disso em relação à vida religiosa, e aqui temos que abrir uma discussão. O hábito é o sinal externo com o qual se reconhece as pessoas consagradas a Deus, é uma forma de testemunho visual e, por consequência, de apostolado, não é uma moda ou distinção estética, mas testemunho público pela sua presença. Mas, característica dos Institutos Seculares é de não ter essa visibilidade, o testemunho deve ser oculto, deve ser a própria vida ardente de caridade para com o amor de Cristo a manifestar a vida cristã.

O hábito deve ser “de acordo com o uso do tempo”, ou seja “roupas modestas que, no mundo, passem quase despercebidas”. É o oposto da estética e da visibilidade. Aqui conta, porque estamos no contexto do trabalho e da pobreza, as obras cristãs, o dar bom exemplo de forma oculta. Não com trombetas altas, mas com o testemunho do Evangelho nas nossas vidas, “o perfume do conhecimento!” (cf. 2Cor 2,14).

Portanto, não se trata apenas de “vestir-se”, mas de um estilo de vida que requer ocultação e diligência pelo Reino dos Céus. Que sentido teria não usar um hábito, mas, atualizando, apresentar-se nas redes sociais ou em todas as ocasiões como Anunciatina, significa negar esse estilo de ocultação diligente que requer a consagração da vida consagrada no século.

Interessante é também a expressão “de acordo com o uso do tempo”. Alberione é um homem do século XX e viu bem como o mundo mudou, e igualmente as roupas e a moda. Da Belle Époque aos “anos 60” muitas temporadas passaram, e não há o menor problema. Às vezes há o risco de nos fossilizarmos em um estilo que inicialmente era muito comum e o revestimos de perenidade inútil para a salvação das almas. Certo dia, uma Anunciatina perguntou ao Primeiro Mestre se poderia fazer “permanente”, e o Pe. Alberione respondeu que o Senhor olha dentro do coração e não acima da cabeça: pode fazer. O estilo de vida que Pe. Alberione pede às suas consagradas seculares é o que agrada a Deus e não o que os homens gostam. Vivendo quase incognitamente você deve levar sua presença, humanamente porém é preciso desaparecer. Portanto, vestir-se “de acordo com o tempo” e viver de acordo com a vontade de Deus.

 

A razão do nome Anunciatinas

«Por que o Instituto é chamado pelo nome de Maria Anunciada? Porque o Filho de Deus encarnou e veio redimir o mundo. A primeira criatura que aceitou a redenção e, portanto, aceitou nova vida, foi Maria que disse: “Eis a serva do Senhor, faça-se em mim como você me disse” (Lc 1,38). É a primeira cristã e a primeira alma redimida e mais abundantemente redimida; é a primeira alma que pertence à Igreja porque unida a Jesus Cristo, cabeça do Corpo Místico que é a Igreja. Portanto, a partir dessa realidade o nome do Instituto: Maria Anunciada. O outro, o instituto masculino, que está ao seu lado, é chamado de “São Gabriel”, porque foi o anjo Gabriel quem trouxe o anúncio da Redenção. Três vezes ele trouxe o anúncio da redenção, primeiro ao profeta Daniel, depois a Zacarias e depois à Maria Santíssima.» (Alberione, MCS, 36-37).

 

«Então, por que chamar-se Anunciatina? Há um motivo para este nome? Não é por acaso. O fato da Anunciação e, portanto, da Encarnação do Filho de Deus, quando Maria disse: “Fiat mihi secundum Verbum tuum”, é o maior evento da história, porque ali nossa redenção começa, Jesus pregou sua doutrina e instituiu os sacramentos, a Igreja, e nos deixou seus exemplos mais sagrados. Ele morreu na cruz, obtendo-nos a graça e todos os bens fluem dali. Portanto, Anunciatina significa estar no centro da história e no início da redenção. É o nome mais bonito. A propósito, observo que mantenho o encargo de formar as Anunciatinas, em modo geral, mas em particular o confiei ao Pe. Gabriele Amorth.» (Alberione, MCS, 180).

 

«(...) Veja que privilégio para os Gabrielinos e as Anunciatinas. Três vezes ao dia, recordamos, com o Angelus, Maria, que recebe o anúncio da Encarnação e o aceita. É o dia mais bonito da humanidade: também deve ser bonito para vocês. O dia mais útil para a humanidade, quando o Filho de Deus se fez homem, assumiu a natureza humana. E então não há maneira mais fácil do que lembrar qual é a graça da vocação para a Anunciatina. Três vezes ao dia.» (Alberione, MCS p. 323)

 

«(...) Belo é o título “Anunciatinas”, porque lembra o grande dia, o melhor dia da humanidade, de toda a história humana: o dia da Anunciação.» (Alberione, MCS p. 327)

 

Se Pe. Alberione há muito claro que o título de Maria Rainha dos Apóstolos é a devoção da Família Paulina, é o primeiro título mariano, por que nomear o Instituto à Anunciação?

É preciso aprofundar a Mariologia do Primeiro Mestre, mas aqui tocaremos apenas alguns pontos mais significativos. Recordemos que Alberione ensina que – além de Mãe de Deus – são três os títulos principais de Maria, como indicado por Leão XII: Matrem Ecclesiae, Magistram ac Reginam Apostolorum.[4]

O Primeiro Mestre manteve sempre uma reflexão sobre o que é mais original (também “Mestre/rabino” é o termo com o qual os discípulos o chamavam). Assim, ele aplica também a Maria o mesmo raciocínio, por isso o primeiro título, como Jesus a chamava, é “Mãe”, essa seria a ternura e a confiança filial com as quais devemos nos aproximar de Maria (sem esquecer que ela é Mãe de Deus).[5]

Para o Fundador, Maria Rainha dos Apóstolos é como a síntese de todos os títulos de Maria que se estendem entre os dois dogmas que marcam a sua vida: Imaculada Conceição e Assunção. Pode-se dizer, mas que isso importa? No meio está a Anunciação. É verdade que Maria é a Mãe de Deus, mas tudo inicia com o “fiat” no qual, na adesão de Maria à vontade de Deus, começa historicamente a salvação. Lembramos também que a data já era estimada pelo Fundador, era o dia tradicional das profissões das Pias Discípulas, não por acaso. São inúmeras as meditações sobre a Anunciação.

Podemos acrescentar que para um instituto de vida secular, que está oculto mas leva Jesus ao mundo, o que poderia ter de melhor que a Anunciação como modelo: dizer sim ao Senhor, ter Deus no coração enquanto o mundo nada sabe. O primeiro apostolado é visto por Alberione exatamente em Maria que, depois da Anunciação do Anjo, vai visitar Isabel. Leva Jesus dentro de si, este é o apostolado. É por isso que, mesmo que o título mais completo seja o de Maria Rainha dos Apóstolos, ele também queria sublinhar o mistério da Encarnação em Maria, isto é, a Anunciação.

 

don Gino Valeretto

 

[1] “Pelo ano de 1910 deu um passo definitivo: escritores, técnicos, propagandistas, porém, religiosos e religiosas. Por um lado, levar almas à mais alta perfeição, aquela de quem pratica também os conselhos evangélicos, e ao mérito da vida apostólica. Por outro, dar mais unidade, estabilidade, continuidade, sobrenaturalidade ao apostolado. Formar uma organização, porém, religiosa; na qual as forças são unidas, na qual a dedicação é total, na qual a doutrina será mais pura. Esta sociedade de almas que amam a Deus com toda a mente, as forças, o coração, oferecem-se para trabalhar pela Igreja, satisfeitas com o salário divino: “Recebereis o cêntuplo e possuireis a vida eterna”. Ele exultava então considerando parte destas pessoas militando na Igreja terrena, e parte triunfando na Igreja celeste.” (AD 24)

[2] Recomendo a leitura deste texto: Tiago Alberione, “O brasão da Congregação”, em Prediche alle suore Pastorelle. vol. VII 1954 1955, p. 177-79. Meditação realizada em Albano Laziale a 28-11-1954, por ocasião da entrega do novo Brasão de madeira, presente em muitas comunidades (facilmente reconhecido porque na Hóstia encontramos o acróstico MVVV).

[3] Veja-se também este outro texto: Tiago Alberione, “Per il quinquagesimo”, São Paulo n.6 1964 p.1-4, em particular: «GLÓRIA A DEUS + PAZ PARA OS HOMENS. Esses são os propósitos. Os propósitos pelos quais Jesus Cristo apareceu à humanidade no presépio foram cantados pelos anjos: “Glória a Deus e paz aos homens”. A glória de Deus é o fim último e absoluto da Encarnação, da Redenção e da Santificação. O segundo objetivo é a salvação dos homens: paz com Deus e paz com o próximo. Para a Família Paulina não há outros fins; portanto, os mesmos fins para os quais a Redenção foi realizada.»

[4] «Leão XIII, na carta em que exorta os fiéis à devoção do rosário, diz: consideremos sempre Maria como Matrem Ecclesiae, Magistram ac Reginam Apostolorum. Maria deve ser considerada Mãe da Igreja, isto é, dos fiéis, Mestra e Rainha dos Apóstolos. Então, consideremos este título triplo que é dado ao SS. Virgem... » [ Alberione, MCS2 p. 25]

[5] «[...] Este título dado a Maria lhe agrada muito. Na terra, qual foi o primeiro título dado a Maria? Agora dão muitos títulos a Maria, não é verdade? Temos um exemplo nas ladainhas: há seiscentos ou mais títulos dados a Maria. Ah, mas o primeiro título foi o que tocou o coração de Maria, e foi quando Jesus, criança, de fato, aprendendo a falar, pela primeira vez pronunciou: “Mamãe”, ele chamou sua mãe! O segundo título é “Mãe dos Apóstolos”. Rainha e Mãe dos Apóstolos. Imediatamente depois vêm os apóstolos. Depois de Jesus, os primeiros a homenagear Maria foram os apóstolos. Jesus, é compreensível, era o Filho de Deus e o Filho de Maria; mas precisamente entre os fiéis, entre os membros da Igreja, o primeiro título foi “Maria Rainha dos Apóstolos”. Eles a chamavam mãe, e mestra, etc: em essência, eles a honravam como mestra e rainha. Este título a comove. Inúmeras graças são conquistadas pela invocação deste título.» (Alberione, MCS2, p. 33-34).

Agenda Paulina

20 abril 2024

Feria (bianco)
At 9,31-42; Sal 115; Gv 6,60-69

20 abril 2024

* SJBP: 1986 a Santiago de Chile (Cile) - 1997 a Vitória (Brasile).

20 abril 2024SSP: Fr. Maurizio Frola (2001) - Fr. Timothy Tirkey (2009) - Fr. Francesco Rossi (2020) • FSP: Sr. M. Dina Braglia (1992) - Sr. M. Elisabetta Roagna (2000) - Sr. M. Rosalia Tonin (2005) - Sr. M. Pacis Cuadra (2011) - Sr. Concetta Belleggia (2012) - Sr. Silvia Rossarolla (2019) • PD: Sr. M. Vincenzina Fea (1998) • IGS: D. Attilio Scipioni (1987) - D. Salvatore Strazzuso (1997) - D. Walter Pasolini (2004) • ISF: Francesco Melotto (1991).

Pensamentos

20 abril 2024

Istruirsi, istruirsi! Prendere i ritagli di tempo e a poco a poco si viene a formare un corredo di istruzione ascetica, istruzione morale, istruzione dogmatica, istruzione liturgica, istruzione canonica, istruzione, invece, storica, ecc. che non è disprezzabile, tenendo conto dei minuti e non perdendo il tempo in cose estranee (APD56, 244).

20 abril 2024

¡Instruirse, instruirse! Hay que aprovechar los retazos de tiempo y poco a poco se va formando un conjunto de instrucción ascética, instrucción moral, instrucción dogmática, instrucción litúrgica, instrucción canónica, o instrucción histórica, etc., que no es despreciable, teniendo en cuenta los minutos y no perdiendo el tiempo en cosas ajenas (APD56, 244).

20 abril 2024

Instruct yourself, instruct yourself! Take the scraps of time and little by little a set of ascetic instruction, moral instruction, dogmatic instruction, liturgical instruction, canonical instruction, historical instruction, etc., which is not contemptible, considering the minutes and not wasting time on extraneous things (APD56, 244).