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A palavra resiliência tem origem no contexto da física e engenharia e era utilizada para classificar a elasticidade e o poder de resistência dos materiais diante de pressões. Quando um material resiste a um impacto, deformando-se pouco ou nada, pode ser considerado rígido ou resiliente.

No âmbito da Psicologia, o conceito é utilizado para identificar a capacidade humana de resistir à dor e dar sentido aos traumas e sofrimentos da vida. Segundo Edith Grotberg, professora da Universidade de George Washington, EUA, a resiliência é a capacidade humana para enfrentar, vencer e ser fortalecido ou transformado por experiências de adversidade. Boris Cyrulnik, um dos fundadores da resiliência, a define como a arte de navegar nas torrentes. Para ele, um golpe da sorte é uma ferida que se inscreve em nossa história, mas não um destino.

Associar o sofrimento de Alberione ao conceito de resiliência não resulta numa tarefa difícil. Ele viveu suas dores com muita discrição, mas, sobretudo, com dignidade e autotranscedência. Consciente do papel do sofrimento em sua santificação, ele costumava dizer que, diante das chuvas e tempestades é preciso “passar entre uma gota e outra sem se molhar”. Esta sua ideia, bastante simples, porém carregada de simbologia, está profundamente em consonância com a compreensão da resiliência.

Na vida do padre Alberione, o sofrimento sempre esteve presente, mas, nunca teve a última palavra. Assim como o Apóstolo Paulo, o fundador da Família Paulina passou por inúmeros sofrimentos físicos, morais e espirituais, contudo, não desistiu da missão que Deus lhe confiara. “Penso que os sofrimentos do momento presente não se compram com a glória futura que deverá ser revelada em nós” (Rm 8,18).

Diante dos percalços da vida, Alberione dizia: “Saber sofrer é verdadeira arte, aliás, a arte mais importante da vida. É preciso aprendê-la e praticá-la. Com efeito, essa arte se aperfeiçoa praticando-a, do mesmo modo que as outras artes, como a música, a pintura etc. Temos de partir do mais fácil ao mais difícil; do pequeno ao grande. Nisso consiste a utilidade dos pequenos sofrimentos”(Haec Meditare, 1939).

Para que uma pessoa seja considera resiliente, não basta resistir ao sofrimento, é necessário ressignificá-lo por meio de uma esperança realista no amanhã. Para ser resiliente, alguns pilares ou fatores de proteção são fundamentais: o apoio social e familiar, o sentido de humor, a autoestima, o protagonismo, a sociabilidade, a aceitação incondicional e, especialmente, a espiritualidade.

Para especialistas como Rivas Lacayo (México), Stefan Vanistendael (Bélgica), Jacques Lecomte (França) e Susana Rocca (Brasil), a espiritualidade é um dos fatores que mais contribuem para o desenvolvimento humano do processo de resiliência. Para Lacayo, diante dos sofrimentos e adversidades da vida, é preciso dar uma resposta espiritual e não apenas psicoemocional. Segundo ela, nenhuma crise ou perda é maior que a fortaleza que reside em nosso espírito. Sob esta ótica podemos afirmar que a extraordinária capacidade que Alberione tinha de dar sentido a seus sofrimentos provinha não de suas forças físicas, mas, de sua vida interior.

Portanto, a resiliência é uma habilidade e uma força propulsora ao alcance de todos. Foi graças a essa força resiliente que Viktor Frankl venceu os horrores dos campos de concentração e fundou a Logoterapia (psicologia do sentido da vida); foi o que motivou Tim Guènard, renomado escritor francês, a perdoar seu pai, mesmo depois de lhe romper cinquenta e cinco ossos quando criança e deixá-lo três anos internado em um hospital. Foi essa força resiliente que fez a menina Anne Frankl dar sentido ao cativeiro nazista e escrever um dos relatos mais impressionantes das atrocidades e horrores cometidos contra os judeus durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Foi graças a essa força resiliente, aliada a uma profunda disciplina espiritual, que o padre Alberione pôde dar sentido a todas as suas dores e afirmar com nobreza de alma que “o amor do sofrimento é o que nos faz verdadeiramente felizes” (Meditazioni alle FSP, 1947, p. 235).

  

* Francisco Galvão é clérigo paulino brasileiro


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